quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Zelosamente.




E quando a gente pensa que o amor chegou em sua magnitude, ele mostra que não existe dimensão.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Maternidade.


As pessoas diziam que eu não chegaria a abril com Caetano na barriga: “Esse menino mexe muito!”. Perto de terminar março, com tudo pronto, começaram as apostas: dia 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.. Cada um que fizesse a sua. Os dias se passaram e nada de Caetano dar sinal. Se até o dia 11 ele não se movimentasse (dia em que completaria as 40 semanas gestacionais), haveria uma cesariana. Por sofrer escoliose, as dores de coluna só aumentavam, e muito. Caetano cada dia mais inquieto e apertado, não dava o braço a torcer.

Chega o tão “inesperado” dia 11: consulta com o obstetra. Por estar há um tempo com grau três de placenta (onde ela atinge a maturidade máxima), Dr. Sebastião diz:

- Que tal marcarmos às 9h? Tá bom pra você?

Apesar de passar as últimas duas semanas me preparando para ter ou não um parto normal, entrei em pânico. Fiquei arrasada com a preguiça de Caetano. Chorei litros. Conversei com ele várias vezes para entender que na manhã do dia seguinte, ele iria conhecer o mundo. Minha cabeça balançava: “eu estou indo contra a natureza”, não estou respeitando a hora dele, ou “esse cordão precisa romper”, ele pode sofrer. Depois de horas pensativas em cima da cama, consigo fechar os olhos e descansar um pouco.

O sol nasce. A chuva começa. Não enxergávamos nada pela janela, só água. Chegaram a dizer que estavam lavando o mundo para Caetano chegar. Tudo engarrafado. Músicas infantis no carro para entrar no clima e Pedro Vitor com sua doce voz para me acalmar. Hospital Santa Joana. Cadê Dr. Sebastião? A pediatra já chegou. O quarto não está pronto, vamos ficar em outro por enquanto. Amor, pai, mãe, avós, irmão, prima, sogra, sogro, cunhados, amigas, amigos. Todo mundo já chegou. Cadê a anestesista? Com uma hora e meia de atraso e muita loucura no estômago, a enfermeira diz:

- Ela está pronta? Estão todos no bloco esperando..

Eu não tinha mais estômago, mais pulmão, mais cabeça e muito menos coração. Fui levada em uma cadeira, com apenas olhos e lágrimas, muitas lágrimas, com cimento na garganta e Pedro Vitor com a minha mão. Sentada na cama, olhava para as minhas pernas descontroladas e sem conseguir domá-las, levo a anestesia e a deixo no controle.

Apesar de não me lembrar de tudo e ter cada minutinho dentro de um vídeo, eu digo e repito quantas vezes for necessário: foi o momento mais especial, estranho e maravilhoso da minha vida. A dor no estômago, a falta de ar, o olhar ansioso de Pedro Vitor, o olhar cauteloso do meu pai, o corpo e a mente abertos para uma nova etapa. Os quarenta e cinco minutos mais emocionantes que já vivi. De repente, escuto o choro de Caetano. Cordão rompido. As lágrimas em meus olhos cobrem a sala. Escuto o som mais intenso, sinto o sentimento mais forte. Em meus braços, eu só tenho amor.

Não existem palavras que possam descrever o momento do parto. A gente tenta, mas não dá. São aqueles sentimentos que tentamos compartilhar, mas só quem vive, consegue sentir.

Uma coisa eu tenho pra dizer: muitíssimo obrigada pela presença, pela visita, pelo carinho. Apesar de estar exausta, morta de sono, com os ouvidos cheios de choro de Caetano e não querer ver ninguém, foi maravilhoso ter minutinhos ao lado de tanta gente linda. Pedro Vitor, coitado, sofreu poucas e boas naquele quarto. Aguentava caladinho. Ao invés de me matar, me enchia de elogios. Obrigada, amor.

Quem tiver o prazer de passar por isso, por favor, aproveite cada instante, cada cheiro, cada som. O brilho é tanto que deslumbra a alma. As primeiras mamadas da madrugada são tão íntimas que nos fazem perder o sono e não querer que acabem. E essa magia continua. Todo dia é uma descoberta, um movimento diferente, um jeito no olhar. Tornamo-nos mãe e pai, crescendo aos poucos, respeitando a natureza deles e a nossa também.









quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Amamentação: um cordão umbilical.





Acredito que a amamentação seja a maior conexão de uma mãe com o seu filho fora da barriga. É muito além de alimentar um ser. É muito além de doar vitaminas, proteínas, açúcar, água e anticorpos. É muito além de proteger contra doenças e infecções. É um laço, um vínculo, uma conexão precoce.

Em exatamente uma semana, esse laço sofrerá mudanças: Caetano irá começar a se alimentar de mundo. Vai tomar a primeira mamadeira, engolir os primeiros pedacinhos, sentir o sabor de uma fruta... Meu dia vai ganhar horas para outras atividades, fora Caetano. Se isso é bom? É maravilhoso. Mas dói. Dói fechar um ciclo e começar outro. Um dia isso teria de acontecer, e, dia 12, meu filho vai ganhar mais ar, mais independência, mais crescimento.

Gostaria que todas as mães tivessem a oportunidade de escolher entre amamentar ou não. E que, claro, optassem pelo leite materno. Mas vai a dica: não façam que nem eu! Saiam de casa, respirem, vão ao cinema, saiam para jantar, deixem uma mamadeira (com seu leite, de preferência).. Descobri que isso não fazia mal muito tarde. Mas tudo tem o seu tempo e o meu foi desse jeito.

Aos poucos, estou voltando a ser Giovanna também e não apenas, mãe de Caetano. Hoje volto um pouco ao amarelo, a minha cor.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Carta para uma grávida.






Se eu pudesse mandar uma carta para todas as mulheres grávidas, enviaria força, equilíbrio e amor. E para as que precisam de um pouco mais de força, diria que não estão sós. E para as que se acham despreparadas, daria calma. E para as inseguras, mostraria a beleza interior (no duplo sentido de interno). E completaria:

                                                                                                             
- Você está prestes a sentir o sentimento mais puro do mundo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O mar é calmo.





Assim como o mar, a gravidez tem suas tempestades, suas correntezas e ventos fortes que não sabemos de onde vem. Eles fazem você vomitar gritos. Depois, carregam tudo com eles e vão embora. Vez ou outra resolvem voltar, mas seu corpo já os conhece. Seu barco vai ganhando pedaços novos de madeira, fortalecendo-se pouco a pouco. De repente, as tempestades não entram mais dentro de você.
Às vezes é difícil lembrar que o mar é calmo. Gerar uma pessoa é isso. É amar, é chorar, é odiar, é rir, é oscilar, é enxergar, é sentir. Precisamos ter consciência que tempestades vão e vem, e, ao final, tudo volta a ser como era antes: brisas e calmarias.
Na gestação de Caetano, acredito ter chorado todos os dias. Se um soldadinho de chumbo morresse, eu chorava junto com a minha alma. Tudo em sua volta é muito profundo, muito intenso (você está muito íntima). Aprendemos no obstetra todos os cuidados para deixar nosso bebê forte e saudável: reeducamos nossa alimentação, nossos hábitos, movimentamos o corpo, sentimos dor, fazemos fisioterapias. Outra coisa que aprendemos é que tudo o que nós sentimos, eles sentem junto. Com isso na cabeça e mais alguns quilos de culpa pelas lágrimas incontroláveis e sentimentos ruins, uma mãe me disse: “Gi, minha gestação foi um caos. Eu chorei muito, me estressei muito, senti muita raiva, etc, etc.. Por isso que meu filho é assim. Acho que ele é hiperativo. Ele chora bastante, grita com a gente, faz birra.. Tente sempre ficar calma pro seu bebê ser calmo também.” Os quilos viraram toneladas. Fiquei me culpando pelo futuro catastrófico do menino que ainda nem nascera. Nada como a doce voz de Manu me confortando: dia de terapia. Com seus estudos e mais alguns meses de experiência com o pequeno Vinícius, ela esclarece: nossos filhos devem sentir sim tudo o que sentimos. Seja ódio, raiva, tristeza, amor, paixão, alegria. Não podemos gerar pessoas e achar que por isso, devemos mentir sobre o que sentimos para que elas sejam felizes. Dessa forma, o que estamos gerando também é uma mentira. Queremos que nossos frutos estejam preparados para um mundo real, de carne e osso, e, por isso, não devemos esconder nada deles. Eles devem sim saber o que é o ódio, o que é chorar. E não é à toa que eles choram, sorriem, chupam dedo e chutam nossas barrigas.
Devemos respeitar nosso corpo e o que está dentro dele. Ainda não sabemos a dimensão, se é que ela existe, do amor que estamos gerando, mas precisamos lembrar que tempestades fazem parte da nossa vida e nos acrescentam espírito.