As pessoas diziam que eu não chegaria a abril com Caetano na
barriga: “Esse menino mexe muito!”. Perto de terminar março, com tudo pronto,
começaram as apostas: dia 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.. Cada um que fizesse a sua. Os
dias se passaram e nada de Caetano dar sinal. Se até o dia 11 ele não se
movimentasse (dia em que completaria as 40 semanas gestacionais), haveria uma
cesariana. Por sofrer escoliose, as dores de coluna só aumentavam, e muito.
Caetano cada dia mais inquieto e apertado, não dava o braço a torcer.
Chega o tão “inesperado” dia 11: consulta com o obstetra.
Por estar há um tempo com grau três de placenta (onde ela atinge a maturidade
máxima), Dr. Sebastião diz:
- Que tal marcarmos às 9h? Tá bom pra você?
Apesar de passar as últimas duas semanas me preparando para
ter ou não um parto normal, entrei em pânico. Fiquei arrasada com a preguiça de
Caetano. Chorei litros. Conversei com ele várias vezes para entender que na
manhã do dia seguinte, ele iria conhecer o mundo. Minha cabeça balançava: “eu
estou indo contra a natureza”, não estou respeitando a hora dele, ou “esse
cordão precisa romper”, ele pode sofrer. Depois de horas pensativas em cima da
cama, consigo fechar os olhos e descansar um pouco.
O sol nasce. A chuva começa. Não enxergávamos nada pela
janela, só água. Chegaram a dizer que estavam lavando o mundo para Caetano chegar.
Tudo engarrafado. Músicas infantis no carro para entrar no clima e Pedro Vitor
com sua doce voz para me acalmar. Hospital Santa Joana. Cadê Dr. Sebastião? A
pediatra já chegou. O quarto não está pronto, vamos ficar em outro por
enquanto. Amor, pai, mãe, avós, irmão, prima, sogra, sogro, cunhados, amigas,
amigos. Todo mundo já chegou. Cadê a anestesista? Com uma hora e meia de atraso
e muita loucura no estômago, a enfermeira diz:
- Ela está pronta? Estão todos no bloco esperando..
- Ela está pronta? Estão todos no bloco esperando..
Eu não tinha mais estômago, mais pulmão, mais cabeça e muito
menos coração. Fui levada em uma cadeira, com apenas olhos e lágrimas, muitas
lágrimas, com cimento na garganta e Pedro Vitor com a minha mão. Sentada na
cama, olhava para as minhas pernas descontroladas e sem conseguir domá-las,
levo a anestesia e a deixo no controle.
Apesar de não me lembrar de tudo e ter cada minutinho dentro
de um vídeo, eu digo e repito quantas vezes for necessário: foi o momento mais
especial, estranho e maravilhoso da minha vida. A dor no estômago, a falta de
ar, o olhar ansioso de Pedro Vitor, o olhar cauteloso do meu pai, o corpo e a
mente abertos para uma nova etapa. Os quarenta e cinco minutos mais
emocionantes que já vivi. De repente, escuto o choro de Caetano. Cordão rompido. As lágrimas em
meus olhos cobrem a sala. Escuto o som mais intenso, sinto o sentimento mais
forte. Em meus braços, eu só tenho amor.
Não existem palavras que possam descrever o momento do
parto. A gente tenta, mas não dá. São aqueles sentimentos que tentamos
compartilhar, mas só quem vive, consegue sentir.
Uma coisa eu tenho pra dizer: muitíssimo obrigada pela presença, pela visita, pelo carinho. Apesar de estar exausta, morta de sono, com os ouvidos cheios de choro de Caetano e não querer ver ninguém, foi maravilhoso ter minutinhos ao lado de tanta gente linda. Pedro Vitor, coitado, sofreu poucas e boas naquele quarto. Aguentava caladinho. Ao invés de me matar, me enchia de elogios. Obrigada, amor.
Uma coisa eu tenho pra dizer: muitíssimo obrigada pela presença, pela visita, pelo carinho. Apesar de estar exausta, morta de sono, com os ouvidos cheios de choro de Caetano e não querer ver ninguém, foi maravilhoso ter minutinhos ao lado de tanta gente linda. Pedro Vitor, coitado, sofreu poucas e boas naquele quarto. Aguentava caladinho. Ao invés de me matar, me enchia de elogios. Obrigada, amor.
Quem tiver o prazer de passar por isso, por favor, aproveite
cada instante, cada cheiro, cada som. O brilho é tanto que deslumbra a alma. As
primeiras mamadas da madrugada são tão íntimas que nos fazem perder o sono e
não querer que acabem. E essa magia continua. Todo dia é uma descoberta, um
movimento diferente, um jeito no olhar. Tornamo-nos mãe e pai, crescendo aos
poucos, respeitando a natureza deles e a nossa também.
Que lindo, meu amor!
ResponderExcluirEsse dia foi bem tenso, segurei o mundo nas costas.
Podia aparentemente estar seguro, pra tentar te acalmar, mas eu estava morrendo de medo, parecia uma criança.
Queria que tu tivesse vivido o momento dessa última foto, foi certamente o momento mais emocionante da minha vida.
Na sala de parto foi diferente, todos mascarados, aquele clima silencioso, tudo branco, frio na barriga, parecia um sonho... tanto que até hoje não lembro de tudo, estranho de mais.
Quando levei Caetano no berçario e vi todas aquelas pessoas lindas juntas num só lugar, vibrando com a chegada de Caetano... Meu deus, ali eu me situei, das minhas costas o mundo foi pro chão, me senti o super-homem.
Meu olhinho encheu de lágrima lendo isso e lembrando desse dia. Nossa! Da mistura de emoções que foi. Da noite mal dormida, de acordar cedo, do engarrafamento sem fim com as meninas, achando que não íamos chegar a tempo, da multidão de gente no hospital. As enfermeiras e recepcionistas todas passadas e putas da vida com tanta movimentação.
ResponderExcluirA gente sentiu por tabela essas tuas emoções, de maneira diferente, em proporção menor, mas não menos importante e marcante. O meu momento mais emocionante eu compartilho com Pedro Vitor, quando Caetano chegou no berçario, todo mundo com um sorriso de ponta a ponta, os olhos cheios de lágrimas e uma felicidade sem fim! Brigada você amiga, por ter nos proporcionado tudo isso e muito mais que está por vir. Ter Caetano nas nossas vidas é motivo de felicidade e sorrisos pra todo mundo! Amo vocês três, do tamanho e das cores do Sol.
- Cadê Caêêê???????????
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ResponderExcluirQuerida Gi,
ResponderExcluirVocê consegue trazer para o papel toda a emoção vivida naquele dia. E lendo eu pude vivenciar cada minuto e cada emoção vivida ali. Tudo transbordava, eram vocês, os parentes, os amigos.... era a felicidade que se misturava a cada gesto dos que ali estavam para viver juntos toda aquela carga de sentimentos positivos.
Fiquei lembrando cada momento desse dia. Para nós, os avós, também era a nossa primeira vez, eram nossos filhos. Um filho e uma filha que iam ser pais. A felicidade se misturava com outros sentimentos. Era muita emoção juntas e juntas com as de tantas pessoas que ocupavam aquele andar a espera de Caetano.
E ele chegou lindo, trazendo gritos de felicidade, sorrisos, abraços.... muito amor. E ali estava coroada uma nova família. E se formou um pai e uma mãe para atender a um filho que acabava de chegar ao mundo.
Guardo, desse dia, como maior emoção, meu filho entrando no berçário segurando seu filho nos braços. O que senti foi indescritível, ou mesmo posso descrevê-lo como: AMOR.
Guardo, ainda, a singeleza da primeira amamentação de Caetano, que embora houvesse um pouco de insegurança, havia uma maior vontade de dar o alimento.
Muito obrigada pela delícia que você está me proporcionando que é sentir toda esta emoção quando leio seus escritos. Saiba utilizar esse dom. Você escreve muito bem.
Muito obrigada por ter entrado em nossas de forma tão especial para nos presentear com um neto maravilhoso.
Agradeço a Deus por tudo isto que está nos acontecendo! Por todos esses momentos de felicidade!!!
Eu te amo muito.
Beijos,
Sussurros de Caetano
ResponderExcluirSe nos teus braços
me sinto seguro no enlaço
no teu abraço ternura
derrame de inteira doçura
Se nos teus braços, eu passarinho
me sinto inteiro, envolto em carinho
no teu afago, felicidade, calmaria
me delicio, confortável ninho, magia
Se nos teus braços, o hoje se eterniza
doces murmúrios de teus lábios vem
Se te olho fundo em teus olhos mundo
Eu te vejo amor, eu te vejo Mãe. (KMPF: 08/05/2011)